20120315


                                                    Restos do carnaval
“Este último carnaval me transportou para minha infância, quando na quarta feira de cinzas encontrava nas ruas restos de serpentina e confete, e algumas beatas indo a igreja com um véu que cobria a sua cabeça. Esperava-se o próximo carnaval, e quando se aproximava a agitação íntima tomava conta, o mundo abria um botão, as ruas de Recife mostravam para que servia.
Na realidade, nunca tinha ido a um baile de carnaval infantil fantasiada. Porem me deixavam ficar até 11 horas da noite na porta do sobrado em que eu morava, vendo os outros se divertirem. Ganhava um lança-perfume e um saco de confete, mas com minha avareza economizava para durar 3 dias, e quase nada me deixava feliz.
Eu tinha medo das máscaras, mas tinha que superar, já que acreditava que o rosto humano também era uma espécie de máscara. Não me fantasiavam, pois com minha mãe doente ninguém tinha tempo para uma criança Minha imã enrolava os meus cabelos que eram lisos, e que pelo menos 3 dias por ano ficassem frisados.  Alem disso, me sentia uma mulher, pois minha irmã passava um batom bem forte e um pouco de ruge no meu rosto, me sentindo uma mulher
Passei por um carnaval diferente, a mãe de uma amiga minha resolveu fantasiar a sua filha, a fantasia se chamava Figurino Rosa, constituída de folhas de papel crepom, o qual representava pétalas de uma flor. Eu acompanhava a criação e mesmo não parecendo com pétalas, a fantasia era uma das mais bonitas que á vi.
Para minha sorte sobrou papel crepom, e a mãe da minha amiga viu minha cara que parecia de inveja e resolveu fazer uma fantasia para mim. Pela primeira vez em um carnaval eu teria algo que nunca tive: seria alguém que nunca fora.
Até os preparativos me deixavam entusiasmada, eu e minha amiga escolhíamos a roupa de baixo minuciosamente, pois se chovesse teríamos algo por baixo da fantasia.
Mas aquele carnaval por ironia do destino foi melancólico, desde cedo já estava me preparando enrolei o cabelo cedo, e os minutos pareciam  ao passar, até que chegou 3 horas e eu me vesti de Rosa.
Mina mãe de repente passou mal, e eu estava já vestida de Rosa, tive que ir até a farmácia pra comprar remédio, mas nessa situação a alegria dos outros me espantava.
Algumas horas depois quando tudo já estava mais calmo, percebi que como nos contos de fadas me desencantei e fui para a rua logo um menino de 11 anos, que parecia um homem jogou confete um mim, era uma mistura de alegria, sensualidade percebi que eu, uma mulherzinha de 8 anos tinha sido percebida por alguém, e eu era sim uma rosa. “

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